Tema: IGREJA
-Introdução: Existe
igreja perfeita? Posso ouvir você dizer que não. Mas o relato da Igreja Primitiva
descreve uma comunidade com ambiente bem próximo da perfeição, mesmo em
contraste com a perseguição. Antes de falar da Igreja precisamos refletir que o
que é ser igreja. Na verdade você e eu formamos a Igreja. Se a Igreja não está
bem é porque as pessoas não estão bem.
Podemos
comparar a Igreja com o repolho que se fecha ou a rosa que se abre. Diante das
dificuldades, como igreja, você pode ir se fechando com o tempo ou se abrindo
cada vez mais mostrando sua beleza e aroma até se despetalar espalhando-se por
onde o vento levar. A beleza do relato da Igreja Primitiva mostra que se
entregaram totalmente como um rosa a despetalar.
Sua Igreja tem problemas?
Vamos
aprender doze exemplos da Igreja Primitiva, de como devemos melhorar nossas
igrejas:
1- PERSEVERANTE
v.42 “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no
partir do pão e nas orações”
A
primeira característica da Igreja Primitiva é a perseverança. Perseverar é
continuar vencendo obstáculos. Perseverança sem dificuldades não é
perseverança.
A
Igreja Primitiva perseverava:
-na
doutrina dos apóstolos = ensinamento deixado pelos discípulos de Jesus;
-na
comunhão = unidade entre os irmãos e Santa Ceia;
-no
partir do pão = compartilhar das necessidades uns dos outros;
-nas
orações = espiritualidade pessoal e intercessão.
Muitos
cristãos e igrejas hoje não estão perseverando na doutrina porque não estão
dispostos a aprender ou ensinar a Bíblia. Também não conseguem persistir na
comunhão porque não estão dispostos a perdoar. Não partem o pão com seu próximo
por causa do egoísmo. Quanto ás orações, a maioria das pessoas só quer receber
e não interceder por quem precisa.
Deus quer uma
Igreja Perseverante!
2- TEMENTE A DEUS
v.43ª “em cada alma havia temor”
A
segunda qualidade da Igreja Primitiva era o temor de Deus. Temer a Deus é
respeitar e obedecer ao Senhor. Não adianta ser religioso ou saber toda a
Bíblia se não tiver temor de Deus, pois “de tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda
os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Eclesiastes 12.13).
Infelizmente muitas pessoas hoje se dizem cristãs e fazem coisas que não
agradam a Deus. Talvez pensem que o pastor não está vendo, mas “os olhos do SENHOR
estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Provérbios 15.3).
A falta de sabedoria é uma consequência da ausência do temor (Salmos 11.10).
Deus quer uma
Igreja temente a Ele!
3- MILAGROSA
v.43b
“muitos sinais e prodígios eram feitos por intermédio
dos apóstolos”
Outra
marca da Igreja Primitiva é que aconteciam milagres. Estas maravilhas eram
parte da rotina dos cristãos primitivos. A falta de milagres é consequência da
falta de fé. Embora a promessa de Jesus seja que “sinais hão de acompanhar aqueles que creem”
(Marcos 16.17)
o que está acontecendo é o contrário quando pessoas que não creem estão
seguindo os sinais. Um dos empecilhos para que aconteçam milagres na igreja
atual é que quando algo sobrenatural acontece logo se começa a dizer que é por
causa da denominação ou seu líder. Então a glória passa a ser do homem e não de
Deus, contudo Deus não divide sua glória com ninguém (Isaías 42.8). Na Igreja Primitiva,
quando um cristão ministrava cura de um enfermo, ao invés de ser honrado era
perseguido, mesmo assim tinha fé. Para que haja liberdade para realização de
milagres é preciso que a glória seja toda para Deus.
Deus quer uma
Igreja Milagrosa!
4- UNIDA
v.44“todos os que creram
estavam juntos e tinham tudo em comum”
A
união entre os irmãos da Igreja Primitiva era algo inesquecível. Não somente
procuravam estar sempre juntos como também dividiam tudo o que tinham entre si
para suprir uns aos outros. A unidade da Igreja é algo essencial para o
fortalecimento da obra do Senhor. União é muito mais que reunião. É possível estar
reunido sem estar unido. Para alcançar esta unidade é preciso que “acima de tudo
isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3.14).
O inimigo sabe que para enfraquecer uma igreja basta apenas dividir seu povo,
pois uma igreja unida é forte contra ele. A união da Igreja testemunha da fé em
Jesus “para que
o mundo creia” (João 17.21).
Deus quer uma
Igreja Unida!
5- SOLIDÁRIA
v.45“vendiam suas
propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém
tinha necessidade”
A
solidariedade era constante na Igreja Primitiva. Sempre estavam procurando
ajudar alguém que precisasse. Estas boas obras marcavam a vida tanto de quem
era ajudado como de quem ajudava. Com isso também os cristãos viviam ocupados
fazendo o bem e não tinham nem tempo para pensar em probleminhas. De nada adianta
a igreja pregar a fé se não tiver obras porque “a fé, se não tiver obras, por si só está
morta” (Tiago 2.14-26), pois embora as obras não garantam
a salvação (Efésios
2.8,9), nós fomos “criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de
antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10). Ajudar o próximo é
uma marca do caráter cristão que nunca pode ser esquecida na igreja. Quando a
Igreja é solidária, seu testemunho fala mais que sua pregação.
Deus quer uma
Igreja Solidária!
6- ATIVA
v.46ª
“diariamente perseveravam unânimes”
Os
cristãos primitivos não procuravam a igreja só quando precisavam de um socorro.
Sua busca era constante e perseverante. A qualquer dia ou hora era possível
encontrar cristãos orando, pregando e fazendo a obra de Deus. Contudo isto não
era ativismo religioso, que é um excesso de programações, reuniões e ensaios.
As atividades da Igreja primitiva eram oração, adoração, evangelização e ajuda
ao próximo. Sua luta era tão grande que não conseguiam parar de buscar a Deus. Isso
mostra que a Igreja não pode parar ou se limitar a atividades corriqueiras. O
nível de comprometimento de cada cristão era muito alto ao ponto de que todos
faziam sua parte no Reino de Deus. Infelizmente existem hoje muitos cristãos
nominais ou inativos, que não estão exercendo seu papel na Igreja.
Deus quer uma
Igreja Ativa!
7- MISSIONÁRIA
v.46b
“no templo, partiam o pão de casa em casa”
Os
limites da Igreja Primitiva iam muito além do que quatro paredes de um templo.
Eles se reuniam nas casas, ruas e onde fosse preciso. Com a perseguição que
enfrentaram, os cristãos foram dispersos para vários lugares e por onde estivessem
levavam sua fé (Atos
8.1). A igreja não pode estar resumida ao local de reuniões chamado
templo. É necessário levar o povo para a rua visitar e evangelizar, cumprindo o
mandato missionário de Jesus que é “ide” (Mateus 28.20). Uma igreja que não sai das quatro
paredes se torna uma instituição ou clube social apenas. É lá fora que estão os
perdidos, então é para lá que devemos ir. Quando a Igreja cumpre sua missão,
seus problemas são pequenos diante de seus desafios, bem como do amor que
fortalece.
Deus quer uma
Igreja Missionária!
8- ALEGRE
v.46c“tomavam suas
refeições com alegria”
A
alegria da Igreja Primitiva era contagiante. Mesmo diante das dificuldades que enfrentavam
como as perseguições, o povo mostrava sua alegria em servir a Deus o tempo
todo. Com certeza isto é obra do Espírito Santo que é conselheiro e consolador
(João 14.16).
Quando viam alguém sendo salvo se alegravam como os anjos no céu (Lucas 15.10)
e quando um doente era curado, saltava de alegria diante do Senhor. Tudo na
Igreja deve ser feito com alegria, pois devemos “servi ao Senhor com alegria” (Salmos 100.2).
Esta alegria não é circunstancial e nem vem de nós mesmo, mas é fruto do
Espírito Santo (Gálatas
5.22). O ambiente da igreja não pode ser tão rígido e sisudo ao
ponto de não haver alegria no meio do povo. Quem vai ao culto deve sair de lá
radiante da alegria que fortalece (Neemias 8.10).
Deus quer uma Igreja
Alegre!
9- SIMPLES
v.46d
“singeleza de coração”
O
povo da Igreja Primitiva era formado por pessoas simples. Mesmo que no meio da
igreja houvesse homens como Nicodemos e José de Arimatéia que eram ricos ou
Lucas e Paulo que eram homens muito cultos, na igreja todos eram irmãos e a simplicidade
predominava sobre suas diferenças. Na verdade eles eram simples porque eram
parecidos com Jesus. O próprio Deus quando veio ao mundo não quis ser diferente
ou maior que o homem, “pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10.45).
Mas o homem muitas vezes quer ser maior que seu próximo pensando ser um deus. O
clericalismo trouxe muito aparato e hierarquias para as igrejas distanciando as
pessoas por diferenças sociais ou religiosas. Na igreja é preciso haver
simplicidade suficiente para um irmão olhar para o outro e abraçar sem qualquer
malícia ou dúvida.
Deus quer uma
Igreja Simples!
10- ADORADORA
v.47ª
“louvando a Deus”
O
louvor dos cristãos primitivos era constante. Sua própria vida era um tributo
de louvor a Deus. Vários testemunhos de historiadores contam que vários
mártires morreram louvando ao Senhor. O ambiente de seu culto era um clima de
adoração. Não havia espetáculos ou apresentações de pessoas famosas, mas o nome
de Jesus era sempre exaltado. Quando a igreja se reúne deve ser em atitude de
louvor de maneira que todos que vejam saibam e sintam a presença de Deus. Fomos
criados para adorar a Deus e quando descobrimos isso não podemos fazer outra
coisa senão render-Lhe a adoração “em Espírito e em verdade” (João 4.24).
Deus quer uma
Igreja Adoradora!
11- SIMPÁTICA
v.47b “contando com a
simpatia de todo o povo”
Outra
característica da Igreja Primitiva era sua simpatia. Certamente isso era fruto
de todas as outras marcas já citadas. Mas o povo era simpático e tinha boa fama
na sociedade. A acolhida que prestavam a quem se aproximava, bem como seu
testemunho era diferencial de qualquer outro grupo religioso. A Igreja deve ser
acolhedora para quem chega e tratar todos com simpatia. Na evangelização é necessária
muita simpatia para tratar as pessoas sem querer discutir religião, mas apenas
deixar a mensagem de paz do evangelho. É preciso tomar alguns cuidados como com
o excesso de barulho e o principalmente o testemunho para não se tornar uma
igreja antipática com a comunidade ao seu redor.
Deus quer uma
Igreja Simpática!
12- CRESCE
v.47c
“enquanto isso acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia os que iam
sendo salvos”
O
crescimento da Igreja Primitiva era constante e natural. Todos os dias várias
vidas se juntavam ao povo de Deus. Este crescimento não era apenas numérico,
mas acima de tudo em espiritualidade e fé. A cada dia se tornavam mais sábios e
experientes, bem como ganhavam mais pessoas para Jesus. Além disso, a expansão
territorial avançava cada vez mais longe alcançando outros povos. Estima-se que
o crescimento da Igreja Primitiva tenha sido em mais de mil por cento (1.000%)
em um curto período de tempo. Hoje se fala muito em Crescimento da Igreja [leia este estudo] criando-se estratégias para aumentar o número de membros das
igrejas. Contudo, quando a Igreja tem as características citadas acima, seu
crescimento é inevitável. Como um restaurante de qualidade atrai muitos
clientes, uma boa igreja também vive cheia. Então mais que técnicas e
estratégias é preciso buscar ser uma Igreja verdadeiramente cristã.
Deus quer que a
Igreja Cresça!
Você é a Igreja!
CONCLUSÃO
Não
pense que tudo que foi falado serve para sua denominação ou liderança. Isso se
aplica a VOCÊ, porque você é a Igreja. Muito mais que uma estrutura ou
instituição, a Igreja são as pessoas. Não podemos ser perfeccionistas com os
outros deixando de reconhecer nossos erros vendo um cisco no olho no irmão e
com uma trave no próprio olho (Mateus 7.5).Para que a Igreja se aperfeiçoe a
cada dia é necessário ser perseverante, temer a Deus, viver em comunhão, buscar
milagres, estar sempre unidos, trabalhar ativamente, ser solidários com o
próximo, fazer missão, viver em simplicidade e alegria, sempre louvando a Deus,
além de cuidar do testemunho. A Igreja ainda não está perfeita, mas Jesus quer
nos melhorar a cada dia preparando para levar o seu povo.
Deixe Deus aperfeiçoar
sua vida como Igreja!
Uma pesquisa histórica que analisa a prática da evangelização cristã até o final do segundo século, buscando descobrir elementos da organização da Igreja, dos modelos de discipulado e de capacitação dos novos convertidos e das lideranças cristãs. A questão de fundo é como se dava a evangelização e o crescimento da igreja a partir dos primeiros cristãos com reflexões para a Igreja contemporânea.