Tema: DISCIPULADO
“meus
filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até
ser Cristo formado em vós” Gálatas 4.19
Introdução: Vivemos em um tempo onde a
paternidade tem sido muito desvalorizada. Muitos problemas psicológicos advêm
da ausência da figura paterna ou problemas de identificação com progenitores. O
ser humano precisa de uma referência paternal que lhe dê segurança. Por isso
Jesus chamava a Deus de Pai (Mateus 6.9). Na igreja este mesmo problema tem
sido reproduzido porque muitos novos convertidos não têm pais espirituais para
ensinar em sua nova vida.
Até onde se sabe o apóstolo Paulo não se casou (I Coríntios 9.5)
e provavelmente não teve filhos. Contudo tratava seus discípulos como se fossem
seus filhos. Em suas cartas às igrejas que pastoreava, escrevia chamando-os de
filhos, como por exemplo, às Igrejas em Roma como “filhos de Deus” (Romanos 8.16 e 19),
em Corinto “como
a filhos meus amados” (I Coríntios 4.14), na Galácia “porque vós sois
filhos” (Gálatas 4.6) e em Éfeso “filhos amados” (Efésios 5.1).
A paternidade espiritual não é nada fácil,
por isso Paulo diz que sofria mais de uma vez as dores de parto e seu objetivo
era que Cristo fosse formado em seus discípulos. Ou seja, não os abandonaria ‘até’
que se tornassem parecidos com Jesus, o modelo do Pai celestial. Paulo é um grande exemplo de paternidade espiritual porque cuidava de seus discípulos.
Você tem um pai espiritual?
Vamos refletir sobre o cuidado de Paulo com seus discípulos
chamados de filhos:
1- TIMÓTEO > Filho na Fé
I Timóteo 1.2 “a Timóteo,
verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai
e de Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Timóteo é o mais conhecido filho espiritual de
Paulo. Com base no texto acima que usamos e expressão ‘filho na fé’. Paulo o
conheceu em Listra sendo já “um discípulo chamado Timóteo, filho de uma
judia crente, mas de pai grego” (Atos 16.1). A partir de então passa acompanhar Paulo
nas viagens missionárias (Atos 17.14,15) principalmente na Ásia (Atos
19.22 e 20.4).
Também chegou a ser preso por causa do evangelho como Paulo (Hebreus
13.23).
Escrevendo às igrejas, Paulo quase sempre cita a
presença de Timóteo na abertura das cartas ou no encerramento, tornando um
coautor junto com Paulo. Aos Coríntios, Paulo o indica para ser recebido “Timóteo, que é meu
filho amado e fiel no Senhor” (I Coríntios 4.17) e devia ser bem recebido “porque trabalha na
obra do Senhor, como também eu” (I Coríntios 16.10). Testemunha
sobre ele que “conheceis
o seu caráter provado, pois serviu ao evangelho, junto comigo, como filho ao
pai” (Filipenses
2.19-22). Era um representante de Paulo nas visitas às igrejas para
trazer notícias para o apóstolo (Filipenses 2.19). Aos cristãos de Roma
Paulo chama “Timóteo,
meu cooperador” (Romanos 16.21). Através destas palavras
percebemos que era algo notório a todos o tratamento de Paulo com Timóteo como
pai e filho.
Nas cartas que escreveu a Timóteo, Paulo o chama de
filho várias vezes ensinando-o “o dever de que te encarrego, ó filho
Timóteo” (I Timóteo
1.18), com muito carinho “ao amado filho
Timóteo” (II Timóteo 1.2) e abençoando-o “tu, pois, filho
meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus” (II Timóteo 2.1).
O tratamento paternal de Paulo para Timóteo ensina muitos conselhos de um
mestre a seu discípulo.
Com
Paulo aprendemos que devemos gerar filhos na fé através da pregação do
evangelho e Timóteo nos ensina a desejar aprender sobre esta fé, sendo pessoas
ensináveis. Um pai sempre deve estar pronto a ensinar e um filho pronto a
aprender.
Se você for filho na fé também será um
pai espiritual!
2- TITO > Filho na Comunhão
Tito 1.4 “a Tito, verdadeiro
filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo
Jesus, nosso Salvador”.
O que sabemos de Tito é que seria também um jovem
pastor como Timóteo e assim como este era discípulo de Paulo. Tito viajava com Paulo
(Gálatas 2.1)
e quando este estava preso, Tito fazia as viagens representando Paulo até que
foi enviado pelo apóstolo para a ilha de Creta (Tito 1.5)
como pastor ou bispo como diz a tradição histórica¹. Sua origem era grega (Gálatas 2.3)
e chegou a pregar na região da Dalmácia onde hoje é a Croácia (II Timóteo 4.10)
A comunhão entre Paulo e Tito era tão grande que
Paulo lamente quando está ausente e o chama de ‘meu irmão Tito’ “não tive, contudo,
tranquilidade no meu espírito, porque não encontrei o meu irmão Tito”
(II Coríntios
2.13). Depois Paulo declara que “Deus, que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada
de Tito” (II Coríntios 7.6). Paulo dizia que chegou a “a recomendar a
Tito” (II Coríntios 8.6) sabendo que tinha “Tito a mesma solicitude por amor”
(II Coríntios 8.16)
falando para todos que “Tito, é meu companheiro e cooperador” (II Coríntios 8.23)
e ainda o defendia o tempo todo perguntando “porventura, Tito vos explorou? Acaso, não temos andado no
mesmo espírito? Não seguimos nas mesmas pisadas?” (II Coríntios 12.18).
Na segunda carta aos Coríntios, Tito aparece várias vezes como um representante
de Paulo sendo um personagem de destaque neste livro.
Parece que Tito era um jovem muito alegre porque
Paulo fala várias vezes que “nos alegramos pelo contentamento de Tito, cujo espírito foi
recreado por todos vós” (II Coríntios 7.13), chegando até mesma a ter “exaltação na
presença de Tito” (II Coríntios 7.14). Além disso, Tito era um filho
obediente a Paulo porque não aceitou a circuncisão pregada pelos judeus (Gálatas 2.3).
Tito também é chamado de filho na fé, mas Paulo diz que tinham uma fé comum, ou
seja, uma grande comunhão havia entre eles.
Com Paulo aprendemos que devemos ter comunhão com
nossos discípulos e não nos sentir superior a eles de forma arrogante. Tito nos
ensina que precisamos dar alegria para nossos líderes espirituais não levando
apenas problemas, mas também os consolando em suas dificuldades.
Viva em
comunhão e alegria com seus filhos espirituais!
3- ONÉSIMO > Filho nas Algemas
Filemom 1.10 “sim, solicito-te
em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas”.
Onésimo foi outro filho espiritual de Paulo que este
conheceu quando já estava preso em Roma por causa do evangelho. Era natural de
Colosso, por isso Paulo o enviou para lá com a missão de pregar e dar notícias
sobre o apóstolo “vos
envio Onésimo, o fiel e amado irmão, que é do vosso meio” (Colossenses 4.9).
Onésimo era um escravo de um homem chamado Filemom que também era amigo de
Paulo (Filemom
1.16) e fugiu por ter roubado de Filemom (Filemom 1.18). Converteu-se quando
conheceu Paulo na prisão e assim que foi possível Paulo o mandou de volta para
seu senhor com uma carta “ao amado Filemom, também nosso colaborador”
(Filemom 1.1).
Ao falar do escravo Onésimo, Paulo testemunha sobre
sua mudança de vida dizendo que “ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti
e a mim” (Filemom 1.11). O amor de Paulo por Onésimo era
como de pai e filho dizendo que “envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração”
(Filemom 1.12).
Paulo não queria se afastar dele, mas “queria conservá-lo comigo” (Filemom 1.13)
tendo tanta consideração que pede que “recebe-o, como se fosse a mim mesmo” (Filemom 1.17).
Paulo assume a paternidade de Onésimo e se dispõe a pagar suas dívidas se fosse
preciso (Filemom
1.19) e pede ao seu dono que o receba de volta “não como escravo; antes, muito acima de
escravo, como irmão caríssimo” (Filemom 1.16). Ainda na prisão
Paulo gerou um filho e o preparou para enfrentar a vida assumindo seus erros e
testemunhando sua mudança de vida.
Com este filho Paulo nos ensina que mesmo diante de
dificuldades devemos gerar filhos espirituais, pois embora estivesse com mãos
algemadas, tinha a boca livre para pregar. Onésimo é um exemplo de que sempre
há esperança e nunca é tarde para recomeçar, além de que precisamos assumir e
enfrentar nossos erros.
Um pai
encoraja o filho e este enfrenta com apoio do pai!
Seja um filho!
CONCLUSÃO
Estes três discípulos de Paulo que foram chamados de
seus filhos nos ensinam muitas coisas. A Igreja cuidar daqueles que passam pelo
novo nascimento, como crianças recém-nascidas que precisam primeiro de um leite
espiritual (Hebreus 5.12,13). Paulo disse aos coríntios
que “leite vos
dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo”
(I Coríntios 3.2).
A desnutrição espiritual dos novos convertidos tem causado muitos abortos e órfãos
espirituais que se tornam pessoas feridas, resistentes ao evangelho e rebeldes
não aceitando serem filhos porque não tiveram pais.
Certa vez ouvi que ‘o título mais importante para
Deus é o de filho’, porque não importa o que a pessoa seja, quando se torna
filho de Deus tudo pode ser mudado (João 1.12). Muitos líderes não conseguem gerar
filhos porque não tiveram pais, mas Deus quer curar esta esterilidade
espiritual e tratar com esta irresponsabilidade para que todos os seus filhos tenham
como pais pessoas que os orientem em sua nova vida.
Quem nunca foi filho não saberá ser pai!
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¹ http://pt.wikipedia.org/wiki/Tito_(b%C3%ADblico)
Citações
Bíblicas: Bíblia Revista e Atualizada, Sociedade
Bíblica do Brasil.