Tema: DISCIPULADO
Introdução: A Igreja precisa de uma pedagogia bíblica para ensinar vidas tomando como padrão o seu maior Mestre: Jesus Cristo. O objetivo
principal do ensino é alcançar o povo. Para isso é feita uma ponte de reflexões
para a igreja como professora e representante do Mestre nos dias atuais. Uma
questão central pode ser: Como Jesus faria se estivesse ensinando na sociedade?
Qual seria seu público? Que temas abordaria?
Jesus era corretamente chamado de
Mestre. Foi reconhecido como Mestre até mesmo por outros mestres da lei como
Nicodemos (João 3.2).
Toda a sua trajetória foi um ato pedagógico com o objetivo de ensinar o amor de
Deus às pessoas. Jesus ensinava através de sua fala e seus atos. Por onde passava atraía o olhar e ouvidos das
pessoas a seus ensinamentos.
Você tem aprendido com Jesus?
Vamos
refletir sobre a missão de ensinar a Palavra de Deus baseado no modelo pedagógico de Jesus:
1- PRÁTICA
Marcos 1.22 “Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem
autoridade e não como os escribas”.
O que diferenciava o ensinamento de
Jesus era sua prática. Seu olhar, o toque curador sobre as pessoas, marcava por
onde estivesse. Um dos maiores problemas para quem se coloca à frente para
ensinar é o risco de cair em contradição. Jesus não apenas correu este risco
como foi perseguido e provado em tudo, porém não caindo em contradição em
momento algum e isso lhe conferia autoridade diferente dos fariseus e mestres
da lei.
Há uma tendência de se começar
estabelecendo princípios teóricos para a ação pedagógica. Já o Mestre Jesus
partia da prática para os princípios. Seus ensinamentos eram baseados na
verdade. O Mestre Jesus ensinava com seu exemplo de vida (João 11.14). A igreja precisa
aprender a fazer isso. Ser prática e verdadeira. Prática no sentido de ação e verdadeira no
sentido de partir da realidade que a envolve.
A autoridade de Jesus não foi imposta
e sim conquistada. Havia aqueles que o seguiam e aqueles que o perseguiam. Para
todos Jesus tinha resposta. E isso lhe dava autoridade. Do mesmo modo, se a
igreja quiser ter autoridade deve dar respostas às questões que a cercam.
Havia muitos mestres na época, mas a
diferença de Jesus era que ele falava e praticava. Tudo o que fazia expressava
o amor que pregava em suas palavras. Dedicou seu tempo a estar com o povo, com
as pessoas da comunidade. Ele olhava para as pessoas com amor não importando
seu passado, vínculo religioso ou camada social (Mateus 9.11).
O melhor ensino é o exemplo!
2- LINGUAGEM
Marcos 4.33, 34 “E com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a palavra, conforme
o permitia a capacidade dos ouvintes. E sem parábolas não lhes falava;
tudo, porém, explicava em particular aos seus próprios discípulos”.
Jesus comunicava a língua do povo do
jeito que o povo entendia. Com clareza, exemplos, histórias e contos de seu
cotidiano. Isso abria o entendimento dos ouvintes. De nada adiantaria falar a
verdade se as pessoas não a entendessem. A igreja precisa aprender a comunicar
o evangelho de forma atualizada e simples para seu público alvo.
O momento histórico que Jesus se
manifestou determinou muito de suas ações e reações porque ele não ignorou o
que acontecia ao seu redor. Percebia o império, Cézar, as festas, o movimento
de João na beira do rio, a pobreza do povo, a riqueza dos sacerdotes, as
crianças, as mulheres, os doentes, os vendedores no templo, os pescadores, a
figueira estéril á beira do caminho, a falta de vinho na festa, a falta de pão
no deserto, as pedras da construção do templo... Parece que antes de pregar ele
olhava ao redor e depois falava. A igreja na América latina hoje precisa
aprender a fazer isso. Ver o que acontece ao seu redor e pregar a verdade de
Deus para todos que a cercam.
O contexto determina o conteúdo. Se o
aluno chega à escola com fome é preciso primeiro dar o alimento. As questões do
dia a dia precisam ser tratadas. A igreja precisa ler e ensinar a Bíblia
motivada pelos desafios que a cercam. Se a igreja não contextualizar sua
mensagem, não conseguirá ser entendida pelo povo que a ouve.
O
ensino exige linguagem adequada!
3- PROPÓSITO
Lucas 11.1,2 “De uma
feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus
discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos
seus discípulos. Então, ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai,
santificado seja o teu nome; venha o teu reino”.
Todo o ensino de Jesus vinha de Deus
em direção ao povo (João 7.16). Em seu projeto histórico Jesus sabia
quem era e o que desejava realizar, ou seja, sua missão era bem clara. Quando
passou essa missão para a igreja deixou para esta as condições necessárias
enviando o Espírito Santo para ensinar todas as coisas e lembrar-se de seus
ensinamentos (João
14.26). Lembrar a história, mas também fazer história agindo e
ensinando. Assim a igreja deve assumir definir seu propósito para o povo desta
terra ao ler a Bíblia de forma atualizada (Mateus 5.14).
A esperança da vinda do Messias era um
tema histórico, profético e muito atual em Israel quando Jesus se manifestou.
Na verdade era a última esperança para aquele povo depois de tantas
frustrações. A expectativa era muito grande e muito diversificada. Os ricos
queriam um Messias político que lhes desse mais poder. Os pobres queriam um
salvador da dor, fome e miséria que os perseguia todos os dias. Jesus atendeu a
estes. Ele veio para dar a vida e não guerrear (João 10.10).
A igreja foi enviada por Jesus para “ensinar todas as
coisas” (Mateus 28.19). Para isso devemos ser determinados
como Cristo sabendo que nossa tarefa é ensinar e que somente o Espírito Santo
pode convencer e transformar as pessoas (João 16.8-11). Por isso também precisamos da
paciência de um semeador que lança a semente na terra e não sabe qual vai
brotar e mesmo assim planta com esperança de colher (Marcos 4.1-9).
Para
ensinar é preciso propósito!
4- JUSTIÇA
Mateus 6.1 “Guardai-vos
de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por
eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste”.
O conteúdo do ensino do Mestre Jesus
era a justiça de Deus. O povo da palestina que Jesus pregava era massacrado
pelo império romano da mesma forma que hoje o povo da América Latina é
massacrado pelo império americano e europeu. O exemplo de Jesus deve inspirar a
Igreja para falar sobre as crises que a cercam defendendo as pessoas
marginalizadas.
O público que ouviu o sermão da
montanha certamente era bem variado, mas em sua maioria de pessoas pobres e
sofridas. Os ricos e poderosos ouviram um sermão duro, mas os pobres e
oprimidos ouviram as mais belas palavras de consolo de toda sua vida (Lucas 11.45).
Quem teve preferência ali foram os marginalizados da sociedade da época.
Jesus rompeu com aquele sistema
imperial para instituir o Reino de Deus. Não tinha compromisso com nenhuma das
instituições da época (Mateus 5.20). Seu compromisso era primeiramente
com Deus, sua verdade e com as pessoas, especialmente aquelas esquecidas pelo
império.
Os problemas sociais da época de Jesus
eram notáveis e Ele deu soluções para estes desafios. As diferenças sociais
eram grandes, por isso Jesus ensinava a doação como forma de amar ao próximo.
Ensinou “não
julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça” (João 7.24).
Também a opressão era forte sobre as pessoas naquela região e Jesus ensinou o
serviço e o apoio mútuo.
A Igreja deve anunciar a justiça de
Deus diante de um mundo injusto. Para isso temos a palavra de Deus que “útil para o ensino...
na justiça” (II Timóteo 3.16). Se o mundo vir injustiça na
igreja não acreditará em nosso testemunho. Por isso nossa missão é ensinar o
que é certo buscando em “primeiro lugar o seu Reino e a sua justiça” (Mateus 6.33).
Devemos tomar cuidado para não confundir com legalismo que é a tradição humana
(Marcos 7.1-9).
A verdadeira justiça se baseia na Palavra de Deus.
Ensine a Justiça de Deus!
Jesus é o seu Mestre!
CONCLUSÃO
A missão de Jesus continua através da
Igreja. A missão da Igreja hoje é ensinar o evangelho a todas as nações sem
excluir ninguém. Como então realizar um projeto pedagógico a exemplo de Jesus
hoje? A igreja precisa definir sua identidade inserida na sociedade local, ver
os desafios sociais que a cerca, falar a língua do povo, buscar os
marginalizados e procurar respostas às suas questões.
Seguir os exemplos do Mestre Jesus e
imaginar como reagiria frente aos desafios atuais seria uma forma da Igreja
cumprir seu comissionamento. Em suma, à luz da palavra do apóstolo, é preciso “andar como Ele
andou” (I João 2.6).
O que você não souber pergunte ao Mestre Jesus!
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CÉSAR, Ely Eser Barreto. A prática pedagógica de Jesus. Fundamentos de uma filosofia educacional. Coleção Dons e Ministérios. São Paulo: Editora Agentes da Missão e GOGEIME. 1991, p.79.
Citações Bíblicas: Bíblia Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.