Tema: ORAÇÃO
Introdução: A oração do Pai
nosso foi a resposta de Jesus ao pedido dos discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar”
(Lucas 11.1).
Precisamos aprender a orar como Jesus. Esta oração nos ensina buscar a resposta
onde somente poderia estar: em Deus. Neste diálogo com Deus recebemos bênçãos, mas
também rendemos ao Senhor o louvor que lhe pertence.
A oração ensinada por Jesus aponta para duas
direções: celeste e terrena. Isso pode ser notado na sequência dos pronomes
“nosso” e “teu” mostrando os limites do que é nosso por herança e o que é de
Deus. Jesus parece utilizar uma forma poética chamada paralelismo1
muito
comum na literatura do Antigo Testamento, onde um verso completa o outro dando
sequência ao pensamento anterior, por meio de comparações ou também o dualismo2 mostrando a diferença
entre sentidos opostos (bem X mal, luz X trevas...), muito comum no Novo
Testamento.
Como você está orando?
Vejamos o que recebemos e o que
devemos render a Deus nesta oração:
1- O que é nosso?
Quando estamos diante do Divino reconhecemos
nossa humanidade. O ato de se ajoelhar significa que estamos nos quebrando pela
metade em rendição a Deus (Filipenses 2.10). Quando oramos estamos nos
abrindo para receber o que Jesus conquistou para nós (Efésios 1.3). Esta oração foi
ensinada por Jesus para assumirmos coisas que são realmente nossas por herança
espiritual.
O que recebemos na oração:
a) Pai - “Pai nosso” (v.9)
Já nesta primeira palavra Jesus ensinou o
nível de intimidade que alcançamos na oração (Romanos 8.15). A expressão hebraica
abba3 era diminutiva, a
primeira palavra aprendida pelos bebês. Deus se doou a nós como Pai para cuidar
de nossas vidas quando nos tornamos filhos de Deus (João 1.12). Não somos mais órfãos
desamparados, agora temos um Pai a quem recorrer. Na oração recebemos um Pai
Celestial!
b) Pão - “o pão nosso” (v.11)
Todos os dias estamos na
dependência de Deus para receber do Senhor o sustento não somente o pão físico,
mas também o espiritual4, porque “não só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra que procede
da boca de Deus” (Mateus 4.4). Jesus é o “Pão da vida” que nos
satisfaz (João
6.35 e 48). Na oração recebemos o Pão Divino que é Jesus!
c) Perdão -“perdoa-nos” (v.12)
Recebemos o perdão de Deus para nossos
pecados quando confessamos (I João 1.7-9). Só temos o perdão porque este nos
foi dado gratuitamente por Deus. Quando oramos recebemos o Perdão de Deus!
d) Dívidas - “nossas dívidas ... nossos devedores" (v.12)
Somos devedores por causa de nossas
ofensas. Estamos sempre tendo que pedir perdão e perdoar alguém. A única coisa
que sempre ficamos devendo é o amor (Romanos 13.8), porque nunca conseguiremos amar
como Jesus nos amou. Somente Deus, que é rico em perdoar pode nos ajudar
quitando a dívida dos nossos pecados na cruz (Colossenses 2.14). Perdoar é um
desafio para todo cristão todos os dias e podemos começar a exercitar o perdão
orando por nossos inimigos (Mateus 5.44). Quando oramos aprendemos a perdoar!
e) Tentação - “não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (v.13)
A tentação é puramente humana (I Coríntios 10.13)
e não de Deus (Tiago
1.13). Precisamos vencer o mal todos os dias (Mateus 6.34) e para isso buscamos ajuda
em Deus através da oração. Quando oramos recebemos forças para vencer a
tentação!
Ao receber a Deus como Pai reconhecemos que
somos apenas filhos, que precisamos do pão do sustento que vem de Deus, além do
perdão e forças para perdoar. Mesmo assim sempre seremos devedores de Deus por
seu imenso amor e sujeitos às tentações.
Assuma
sua posição diante de Deus na oração!
2- O que é de Deus?
Na oração aprendemos também, além de receber,
dedicar ao Senhor o louvor que lhe é devido como tributos de adoração porque
Deus é digno (Salmos
96.7).
A Deus somente pertencem:
a) Céus - “estás nos céus” (v.9)
Tanto a terra como os céus pertencem a Deus
(Salmos 89.11)
como sua morada (Isaías
57.15). Jesus ensinou que tudo começa no céu e então é confirmado na
terra através da oração porque “tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o
que desligardes na terra será desligado no céu” (Mateus 18.18).
Nossas bênçãos vêm dos céus e é ali que devemos estar em oração (Efésios 2.6).
Quando oramos, entramos nos céus na presença de Deus!
b) Nome Santo - “santificado seja o teu nome” (v.9)
O nome do Senhor é santo e poderoso como
nenhum outro nome (Atos 4.12). Jesus nos deu permissão para orar em seu
nome (João
14.13,14), mas este nome pertence a Deus e merece ser respeitado (Êxodo 20.7).
Pedir em nome de Jesus significa segundo a sua vontade (I João 5.13,14). A oração deve ser
feita em nome de Jesus!
c) Reino - “venha o teu reino” (v.10) e “pois teu é o reino” (v.13)
O reino é o domínio de Deus que já lhe pertencem e precisa ser chegado até nós (Mateus 10.6).
Por isso a oração começa e termina declarando que o reino é de Deus. Chamar o
reino de Deus significa aceitar o domínio do Senhor como maioral em nossas
vidas (Romanos
10.9,10). Isso é uma atitude de submissão. De joelhos em oração
somos submissos ao Rei Jesus!
d) Vontade - “faça-se a tua vontade” (v.10)
Deus tem planos perfeitos
para nós (Jeremias
29.11) e sua vontade é “boa, agradável e perfeita” (Romanos 12.2). Os planos humanos
são falhos e passageiros (Provérbios 16.1). Por isso devemos buscar a
vontade de Deus em oração e não apenas fazer pedidos apresentando nosso querer.
Mesmo assim, quando amamos a Deus e alinhamos a nossa vontade com os seus
propósitos, o Senhor “satisfará o desejo do teu coração” (Salmos 37.4).
Através da Palavra de Deus podemos conhecer a vontade do Senhor. Na oração aceitamos
a vontade de Deus!
e) Poder e Glória - “pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre amém” (v.13)
Embora a humanidade sempre busque estas coisas, seu poder e glória são
passageiros, mas para Deus é eterno. Precisamos reconhecer o poder e a glória
de Deus em nossas vidas por meio de frutos (João 15.8). Quando estamos fracos, impotentes e
percebemos que não temos mérito algum, então entendemos que toda força, poder e
glória vem do Senhor (II Coríntios 12.7-10). Quando o Espírito Santo
está em nossas vidas recebemos o poder de Deus (Atos 1.8). Em oração rendemos
glória e recebemos o poder de Deus!
Enquanto oramos entramos nos céus
espiritualmente onde Deus está, adoramos seu Santo Nome e pedimos tudo em nome de
Jesus, aceitamos o reino e domínio do Senhor sobre nós através de sua vontade.
Então cheios do poder do Espírito Santo rendemos glória ao Senhor.
Entregue
a Deus o que lhe é devido em oração!
Aprenda a orar com Jesus!
CONCLUSÃO
As mãos
abertas estão prontas para entregar e também para receber. É isso que fazemos
na oração. Um ato de entrega ao Senhor e também de abertura para aceitar o que
tem para nós.
A
Oração do Pai Nosso abrange a totalidade das necessidades humanas tanto físicas
como espirituais5. Não existe nada que não possa ser
conquistado em oração. Por isso a vida devocional deve ser constante e ininterrupta
em nossas vidas (I
Tessalonicenses 5.17).
Quando
orar, receba o que Deus te deu, mas também entregue o que o Senhor merece.
Oração não é somente pedir, porque Deus não é nosso servo para ter que fazer
tudo que pedimos, mas nós que devemos servir a Ele nos dispondo para ser e
receber o que tem nos dado.
Todas
as bênçãos já existem nas regiões celestes (Efésios 1.3 e 2.6). Quando oramos chegamos a Deus
e alcançamos o que o Senhor tem preparado para nós. A oração é para Deus, mas
também é para nós a resposta, pois o Espírito Santo nos ensina orar como convém
(Romanos 8.26).
Ore recebendo bênçãos e entregando
adoração!
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Citações Bíblicas: Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica
do Brasil.
1 SANTOS, João Batista Ribeiro. Dicionário Bíblico: conhecendo e
entendendo a Palavra de Deus. São
Paulo: Didática Paulista, 2006. Página
405.
2 GABEL, John B; WHEELER, Charles. A Bíblia como literatura: uma
introdução. São Paulo: Loyola, 1993 (Coleção Bíblica
Loyola, n. 10). Página 142 e 143.
3 STONG, James. Dicionário Grego do Novo
Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico.
Grego. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. Página 1503 verbetes 1, 2 e página 2345
verbete 3962.
4 WESLEY, John. Notas explicativas de John Wesley sobre o
Novo Testamento: Evangelhos e Atos – Tomo I. Tradução de Angelino Junior do
Carmo. Belo Horizonte: Filhos da Graça / Noah Edições, 2015. Página 46.
5 Idem.
Páginas 44-46.