Tema: ESTUDO BÍBLICO
Neemias 3
Introdução: A cidade de Jerusalém já foi destruída por
dezesseis vezes em sua história e se reergueu das ruínas para ser eternamente a
Cidade Santa (Isaías
26.1,2). Neemias foi um reconstrutor de Jerusalém e reuniu o povo
para restaurar a cidade com seus muros e portas (Neemias 3.1-31). As muralhas da
cidade são símbolo de proteção do Templo e do povo de Deus (Salmos 125.1).
Jerusalém era a antiga Salém onde Abraão se encontrou com
Melquisedeque (Gênesis
14.1-20), por isso é reverenciada como cidade real (Salmos 48.2),
um lugar onde o povo se alegrava de visitar (Salmos 122.1) e se entristeceram
quando estava destruída (Salmos 137.5,6).
As portas da cidade eram importantes para proteger tudo em
seu interior. No tempo de Neemias haviam dez portas na cidade que eram feitas
de madeira (Neemias
2.8 e 3.6), mas também existiam portas feitas de bronze (Salmos 107.15,16)
ou de ferro (Atos
12.10).
Cada uma das portas de Jerusalém tinha um nome de acordo
com sua utilidade e com um sentido especial que traz lições de vida até os dias
de hoje.
Comumente não existiam praças nas cidades antigas da Terra Santa, então as portas eram os lugares de maior afluência de pessoas para encontros ou até negócios (Provérbios 31.23; Jó 29.7; Amós 5.10-12). Processos judiciais também eram decididos pelos anciãos ou juízes publicamente nas portas da cidade (Deuteronômio 17.5). Neemias reuniu o povo junto à Porta das águas para a leitura da Lei de Deus (Neemias 8.1-3).
Porta tem o sentido de abertura ou direção e simboliza nossas vontades e orientação para as entradas em nossas vidas. Por isso, como Jerusalém eram antes a habitação do Templo de Deus, hoje nós somos o santuário do Espírito Santo (I Coríntios 3.16), então devemos cuidar de nossas entradas no sentido espiritual.
Como estão as suas portas?
Vamos aprender lições com cada uma das portas de Jerusalém:
1. Porta das Ovelhas – CONSAGRAÇÃO
Neemias 3.1 “Então o
sumo sacerdote Eliasibe se levantou com os seus irmãos, os sacerdotes, e
reconstruíram o Portão das Ovelhas. Eles o consagraram, colocaram os portões no
seu lugar e continuaram a reconstrução até a Torre dos Cem e a Torre de
Hananel.”
A Porta das Ovelhas ou do gado (Neemias 12.39) era destinada à
entrada dos rebanhos na cidade. A obra de restauração dos muros começou e
terminou na Porta das Ovelhas (Neemias 3.1 e 32). Foi a única porta a ser
consagrada por seu significado especial para o povo como rebanho do Bom Pastor
(João 10.11).
Esta porta ficava perto do Templo e também era uma entrada para os peregrinos e
adoradores que iam à Casa do Senhor.
A Porta das Ovelhas representa a Consagração a Deus em
nossos corações como ovelhas do Supremo Pastor Jesus Cristo (I Pedro 5.4).
Esta é a entrada de nossas vidas para uma vida consagrada ao Senhor. Jesus
disse “Eu sou a
Porta das Ovelhas” (João 10.7) nos chamando para viver em sua
presença.
Restaure a porta da consagração em sua Vida!
2. Porta dos Peixes – NEGÓCIOS
Neemias 3.3 “Os filhos
de Hassenaá reconstruíram o Portão dos Peixes. Colocaram as vigas e os portões
nos seus lugares, com os seus ferrolhos e as trancas.”
A Porta dos Peixes era onde os pescadores se reuniam
trazendo o resultado da pesca e as pessoas vinham para comprar numa espécie de
feira. Por ali também entravam outras mercadorias e os mantimentos para a
cidade. Era um local essencial para o sustento dos moradores de Jerusalém. Os
muros perto da Porta dos Peixes eram bem altos para proteger os comerciantes e
as riquezas da cidade (II Crônicas 33.14).
A Porta dos Peixes pode representar nossa vida comercial e
os negócios que realizamos profissionalmente. É a entrada de todos os recursos
que temos e precisamos. Mas esta precisa ser uma porta de bênçãos e não de
fraquezas ou desonestidade (Provérbios 21.8). Jesus chamou os primeiros
discípulos entre os pescadores e os vocacionou para pescar vidas para seu Reino
(Mateus 4.18-22).
Tudo o que você tem é abençoado por Deus!
3. Porta Velha - MEMÓRIA
Neemias 3.6 “Joiada,
filho de Paseia, e Mesulão, filho de Besodias, repararam o Portão Velho.
Colocaram as vigas e os portões nos seus lugares, com os seus ferrolhos e as
trancas.”
A Porta Velha, como designa seu nome era antiga, talvez uma
das primeiras portas da cidade do tempo que era a antiga Salém (Gênesis 14.18)
que posteriormente se tornou a Jerusalém Cidade Santa onde estaria o templo do
Senhor (Salmos
76.2). Esta porta seria um marco histórico da velha Jerusalém para
que seu povo se lembrasse de toda a tradição de seu povo.
A porta velha simboliza as nossas memórias que precisam ser
guardadas por Deus e talvez saradas de traumas e maus pensamentos (Filipenses 4.8).
Para isso precisamos renovar a nossa mente (Romanos 12.1,2) e estar sempre com o capacete da salvação
para proteção de nossa mente (Efésios 6.17). Precisamos saber que nossa
história é marcada pela presença de Deus antes mesmo de nosso nascimento (Jeremias 1.5),
mas não podemos ficar presos no passado (II Coríntios 5.17).
Cuide
bem da entrada de sua mente!
4. Porta do Vale - TRIBULAÇÃO
Neemias 3.13 “Hanum e os
moradores de Zanoa repararam o Portão do Vale. Eles o reconstruíram, colocaram
os portões no seu lugar, com os seus ferrolhos e as trancas, e ainda
consertaram quinhentos metros da muralha, até o Portão do Monturo.”
A Porta do Vale, como seu nome diz, dava para frente de uma
parte baixa ao lado de Jerusalém conhecida como Vale do Hinom (Jeremias 19.2 e 6).
Era um lugar marcado pela dor, onde aconteceram rituais idólatras e sacrifícios
humanos (II
Crônicas 28.3 e 33.6), por isso a Palavra Hinom pode significar inferno
ou “vala da
matança” (Jeremias 7.31,32). Era um lugar escuro e encharcado,
perigoso principalmente à noite. Foi pela Porta do Vale que Neemias saiu e
entrou em Jerusalém para contemplar a cidade destruída e lamentou sobre suas
ruínas (Neemias
2.13-15).
A Porta do Vale nos ensina sobre as tribulações que
passamos em nossas vidas como um “vale da sombra da morte” (Salmos 23.4), mas que em todo tempo
Deus está conosco. Esta porta era um alívio para os viajantes que chegavam e
poderiam sair do vale e entrar na Cidade Santa. Isso nos ensina que há uma saída
do vale para a presença de Deus.
Saia do vale e entre na presença do Senhor!
5. Porta do Monturo – SUJEIRA
Neemias 3.14 “O Portão
do Monturo foi reparado por Malquias, filho de Recabe, governador do distrito
de Bete-Haquerém. Ele o reconstruiu, colocou os portões no seu lugar, com os
seus ferrolhos e as trancas.”
A Porta do Monturo era por ondas as pessoas levavam o lixo
para fora da cidade no Vale do Cedrom onde lançavam tudo o que devia ser queimado
(II Crônicas 30.14).
No Vale do Cedrom se jogavam os ídolos de tudo o que devia ser destruído (II Reis 23.6).
Nestes monturos Neemias encontrou as portas de Jerusalém queimadas (Neemias 2.13).
A Porta do Monturo nos ensina que todo mal deve ser
retirado de nossa vida e sempre precisamos nos manter limpos na presença do
Senhor (Eclesiastes
9.8). Assim como o povo de Jerusalém tinha o hábito de jogar fora
tudo o que não prestasse e manter dentro da cidade sempre limpa, evitando
doenças e mal cheiro, deste modo deve ser com cada um de nós.
Jogue todo lixo para fora de sua vida!
6. Porta da Fonte – SATISFAÇÃO
Neemias 3.15 “O Portão
da Fonte foi reparado por Salum, filho de Col-Hozé, governador do distrito de
Mispa. Ele o reconstruiu, fez uma cobertura, colocou os portões no seu lugar,
com os seus ferrolhos e as trancas. Também reconstruiu a muralha do tanque de
Selá, junto ao jardim do rei, até os degraus que descem da Cidade de
Davi.”
A Porta da Fonte foi encontrada por Neemias totalmente destruída
(Neemias 2.14).
Esta porta ficava próxima à fonte de Giom, que fornecia água para a cidade de
Jerusalém e na entrada da Cidade de Davi, perto do tanque de Silóe (João 9.7-11). Na consagração dos
muros o povo subiu sobre a muralha perto da Porta da Fonte para louvar a Deus
contemplando a restauração da cidade (Neemias 12.37). O rei Ezequias fez um muro de
proteção ao redor da fonte de Giom (II Crônicas 32.30), para ela não fosse avistada
pelos inimigos nem servisse de alimento para eles (II Crônicas 33.14).
A Porta da Fonte simboliza a bênção de Deus que nos
satisfaz plenamente. Precisamos cuidar das fontes de nossas vidas e nos
proteger de todo ataque inimigo. Não podemos dar água de beber a nosso inimigo,
mas devemos manter as fontes de nossas almas sempre preservadas “sobre tudo o que
se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”
(Provérbios 4.23).
Cuide das fontes de sua vida!
7. Porta das Águas – PALAVRA
Neemias 3.26 “e os
servos do templo que moravam em Ofel fizeram os reparos até em frente do Portão
das Águas, na direção do leste, e até a torre alta.”
A Porta das Águas ficava próxima à Porta da Fonte. A cidade
naquele tempo não tinha água encanada, todos os dias as pessoas precisavam ir
buscar água suficiente para sua família. A Porta das Águas foi restaurada pelos
servos do templo, pessoas consagradas a Deus. Havia torres perto da Porta das Águas
porque ali estava a principal riqueza da cidade que se os inimigos tomassem
tiraria seu sustento enfraquecendo seu povo. Por isso ela também era chamada
Porta de Efraim que significa prosperidade (Neemias 8.16 e 12.39). Foi próximo à Porta das Águas
que Neemias reuniu o povo para ler as Escrituras (Neemias 8.1-3) e também por onde o
povo subiu para consagrar os muros de Jerusalém (Neemias 12.37).
A Porta das Águas representa a Palavra de Deus nos lava e
nos limpa de todo mal, nos saciando com a verdade através do Espírito Santo “para que a
santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”
(Efésios 5.26).
Tudo o que existe “céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela
palavra de Deus” (II Pedro 3.5). Por isso essa porta representa a
Palavra de Deus que nos lava.
Deixe a Palavra de Deus lavar sua vida!
8. Porta dos Cavalos – BATALHAS
Neemias 3.28 “Para cima
do Portão dos Cavalos, os sacerdotes fizeram os reparos, cada um em frente da
sua casa.”
A Porta dos Cavalos era o local onde o exército entrava na
cidade e de onde se organizavam para sair para as batalhas. Esta porta foi
restaurada pelos sacerdotes que abençoaram Jerusalém como lugar de vitória. Os
cavalos também eram usados para levar cargas e tudo que fosse pesado.
A Porta dos Cavalos representa as batalhas que enfrentamos
em nossas vidas e todo peso que carregamos dia a dia. Por isso devemos levar o
fardo leve que Jesus nos deu (Mateus 11.28), agradecendo e dizendo: “Bendito seja o
Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação”
(Salmos 68.19).
A Palavra de Deus não diz que não teremos batalhas, mas que o Senhor sempre estará
conosco nos concedendo vitória.
Busque a vitória em todas as suas batalhas!
9. Porta Oriental - PROFECIA
Neemias 3.29 “Depois
deles, Zadoque, filho de Imer, reparou em frente da sua casa e, depois dele,
Semaías, filho de Secanias, guarda do Portão Leste, reparou o trecho seguinte.”
A Porta Oriental ou Leste ficava próxima ao Templo (II Crônicas 31.14).
Acredita-se que foi por esta porta que Jesus entrou em Jerusalém em um jumentinho
(Mateus 21.1-7).
O profeta Ezequiel viu os querubins perto da Porta Oriental (Ezequiel 10.19 e
11.1) e profetizou “então, o homem me fez voltar para o caminho da porta
exterior do santuário, que olha para o oriente, a qual estava fechada. Disse-me
o Senhor: Esta porta permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará
por ela, porque o Senhor, Deus de Israel, entrou por ela; por isso,
permanecerá fechada” (Ezequiel 44.1,2). Hoje quando se contempla os
muros de Jerusalém de frente ao monte das Oliveiras pode-se ver uma grande
porta fechada. Provavelmente era em outro formato no tempo de Neemias e depois
foi reformulado. Existem profecias relacionadas ao Messias neste local (Zacarias 14.4),
que foi um dos lugares mais frequentados por Jesus (Lucas 22.39). Quando Jesus subiu
aos céus estava de frente para esta porta no Monte das Oliveiras (Atos 1.12).
A Porta do Oriente é chamada hoje de Porta Dourada, porque as
pedras da muralha refletem o sol. Os mulçumanos que invadiram Jerusalém por séculos
fizeram um cemitério neste lado da cidade do lado de fora dos muros e por isso os
judeus a fecharam por considerar lugar impuro. Esta porta representa a profecia
e o cumprimento da Palavra de Deus. Todas as promessas do Senhor são para
nossas vidas (Atos
2.39).
Receba uma palavra profética em sua vida!
10. Porta da Guarda – VIGILÂNCIA
Neemias 3.31 “Depois
dele, Malquias, filho de um ourives, fez os reparos até a casa dos servos do
templo e dos mercadores, em frente do Portão da Guarda, até o terraço da
esquina.”
A Porta da Guarda ficava no local onde os soldados se reuniam
como um quartel e se distribuíam para proteger as demais portas e torres da
cidade (Neemias
7.3). Próximo também havia um pátio do cárcere onde ficavam os
prisioneiros (Neemias
3.25). Quando a muralha restaurada de Jerusalém foi consagrada, uma
parte do povo caminhou louvando sobre os muros e pararam sobre a Porta da
Guarda para então se encontrar em frente ao Templo (Neemias 12.39,40).
A Porta da Guarda representa a vigilância que precisamos
ter em nossas vidas, ficar sempre atentos na presença do Senhor (Marcos 14.38).
Uma das coisas que precisamos vigiar sempre é “a porta dos lábios” (Salmos 141.3).
Devemos nos colocar como atalaias do Senhor sempre vigilantes (Ezequiel 3.16).
Vigie sempre as portas e entradas de sua vida!
Cuide de suas portas!
CONCLUSÃO
Salmos 122.2 “Pararam os
nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém!”
Os muros atuais de Jerusalém e sua forma são do período de
ocupação dos turcos otomanos. Hoje existem apenas oito portas na cidade, porém
com outros nomes: Porta Nova, Porta de Damasco, Porta de Herodes, Porta de
Santo Estevão, Porta Dourada, Porta de Sião, Porta dos Mouros, Porta de Jafa. A
Cidade Santa de Jerusalém Celestial terá doze portas (Apocalipse 21.12 e 21),
representando as doze tribos de Israel.
Assim como as portas de Jerusalém foram restauradas, as
entradas de nossas vidas precisam ser cuidadas e protegidas para que nenhum mal
entre e tudo o que não for de Deus tem que sair.
Feche as portas para todo mal!
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Citações
Bíblicas: Bíblia Revista e Atualizada, Sociedade
Bíblica do Brasil.
LOPES, HernandesDias. Neemias: O líder que restaurou uma nação / HernandesDias Lopes. São Paulo, SP: Hagnos 2006. Páginas 55 a 58.