Tema: ESTUDO
BÍBLICO
Introdução: Gaza ou Azzah (עַזָּ֑ה) significa “forte”*. É uma terra milenar, que está presente na Bíblia em toda sua história, citada ao todo 23 vezes, sendo 22 no Antigo Testamento e uma única vez no Novo Testamento. Para entender melhor, Gaza deve ser incluída toda vez que se fala sobre os filisteus, o povo que fazia parte juntamente com as cidades vizinhas e parceiras: Asdode, Asquelon, Azoto, Ecrom, Gate, Gáser, Laquis e Gerar.
Vamos
aprender na Bíblia sobre Gaza:
1- Origem do povo de Gaza
2- Guerras em Gaza
3- Profecias sobre Gaza
O mapa da região da Terra Santa e a conhecida Palestina mudou constantemente em sua história, com a presença dos povos que ali viveram durante a dispersão dos judeus por quase dois mil anos. Mas é interessante que na maioria dos mapas, o território da faixa de Gaza se mantém separado do restante de Israel, pelo menos nos principais períodos históricos: a conquista da Terra Prometida, o reino unificado de Davi e no tempo Jesus, sob o reino de Herodes.
O que a Bíblia diz sobre Gaza?
Vamos
conhecer Gaza nas Escrituras:
1- Origem do povo de Gaza
Gênesis 10.19 “E a fronteira dos cananeus
foi desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza, indo para Sodoma, Gomorra,
Admá e Zeboim, até Lasa.”
O
povo de Gaza inicialmente era descendente de Cam, filho mais novo de Noé que
foi amaldiçoado por ver a nudez de seu pai (Gênesis 9.20-25). Seus descendentes foram
chamados de Cananeus, como parte da região que também foi chamada de Canaã.
Gaza fazia parte da Filístia, terra dos filisteus (Gênesis 10.13,14), onde também
haviam gigantes no tempo antigo, conhecidos como anaquins ou refains (Deuteronômio 2.10 e
20; Josué 11.22).
Deuteronômio 2.23 “também os
caftorins que saíram de Caftor destruíram os aveus, que habitavam em aldeias
até Gaza, e habitaram no lugar deles.)”
O
território de Gaza era povoado pelos aveus, povo da própria região ao redor (Josué 13.3 e
Deuteronômio 2.23), mas depois foi tomado pelos “filisteus, o resto que veio da ilha de
Caftor” (Jeremias 47.4), que segundo estudiosos seriam
antigos moradores da ilha de Creta, visto que os filisteus são denominados de “queretitas”
(1Samuel 30.14 e
2Sam. 8.18; Ezequiel 25.16, Sofonias 2.5), que teriam partido para o
continente e tomado as terras de Gaza, sendo chamados de caftorins (1Crônicas 1.12).
Também pode ter sido uma ilha chamada Caftor do delta do Nilo no Egito (Gênesis 10.6,14;
1Crônicas 1.12).
O
profeta Amós faz referência à conquista desse povo caftorita que passou a ser
conhecido como filisteu (Amós 9.7). Mas historiadores também relatam que o
povo de Creta (antes Caftor) teria tentado invadir o Egito, mas por resistência
do faraó, este os teria mandado para povoar terras conquistadas pelos egípcios
em Canaã, onde se alojaram.
2- Guerras em Gaza
Josué 10.41 “Josué os derrotou desde
Cades-Barneia até Gaza, bem como toda a terra de Gósen até Gibeão.”
O
povo de Israel começa a atacar Gaza, quando Josué liderava a conquista da terra
de Canaã e após a famosa batalha de Gibeão, quando o sol e a lua param e os
israelitas derrotam cinco reis, depois mais sete, chegando até o território de
Gaza, mas sem dizer claramente que a conquista (Josué 10.12-43).
Josué 11.22 “Nem um dos anaquins sobreviveu na terra dos filhos de Israel;
somente em Gaza, Gate e Asdode permaneceram alguns.”
Quando
Josué derrotou os gigantes anaquins, alguns sobreviventes ficaram em Gaza, que
parece ter sido um refúgio, mas as guerras começaram a cessar com a conquista
de Canaã e distribuição das terras para o povo de Israel (Josué 11.23).
Josué 13.2,3 “Esta é a terra ainda não conquistada: todas as regiões dos
filisteus e toda a Gesur; desde Sior, que está diante do Egito, até o
limite de Ecrom, para o norte, que se considera como dos cananeus; cinco
governantes dos filisteus: o de Gaza, o de Asdode, o de Asquelom, o de
Gate e o de Ecrom; e os aveus.”
Quando
Josué estava idoso, Deus lhe falou sobre terras que ainda faltavam conquistar e
citou o território de Gaza como não conquistado. Este é um dado importante,
visto que na conquista da Terra Prometida, Gaza não foi alcançada, mas é
incluída na promessa de conquista:
Josué 15.47 “Asdode, as suas vilas e aldeias; Gaza, as suas vilas e
aldeias, até o rio do Egito e o mar Grande com as suas imediações.”
Na
distribuição das terras, o povo de Judá recebe a promessa de conquistar Gaza e
o limite do mar mediterrâneo até o sul na fronteira com o rio Nilo, “mas os filhos de
Judá não puderam expulsar os jebuseus que viviam em Jerusalém. Assim, os
jebuseus moram com os filhos de Judá em Jerusalém até o dia de hoje” (Josué 15.63).
Juízes 1.17-19 “Os filhos de Judá foram com os seus irmãos da tribo de Simeão e
atacaram os cananeus que moravam em Zefate e destruíram totalmente a cidade;
por isso, foi chamada de Horma. Também conquistaram Gaza, Asquelom e
Ecrom com os seus respectivos territórios. O Senhor esteve com
os filhos de Judá, e estes ocuparam a região das montanhas. Porém não
expulsaram os moradores do vale, porque estes tinham carros de ferro.”
Somente
no tempo dos Juízes, após a morte de Josué, que o povo de Judá conquistou Gaza,
contudo se limitando às partes montanhosas da região dos filisteus, visto que
os das partes baixas tinham carros de ferro, o que mostra como o povo da região
era preparado para se defender. Enquanto isso, Jerusalém ainda era habitada
pelo povo jebuseu (Juízes 1.21).
Juízes
6.3,4
“Porque, cada vez que os israelitas semeavam, os midianitas, os amalequitas e
os povos do Oriente os atacavam. Acampavam em Israel, destruindo os
produtos da terra até a vizinhança de Gaza, e não deixavam em Israel
sustento algum, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos.”
No
tempo de Gideão, os povo midianita, vindos do extremo sul (atual região da
Arábia), atacavam o povo de Israel e também Gaza, que no momento parece estar
sob o controle dos israelitas, sendo também atacada pelos midianitas.
Juízes
16.1-3
“Sansão foi a Gaza, viu ali uma prostituta e teve relações com
ela. Foi dito aos gazitas: — Sansão chegou aqui. Eles cercaram o
local e ficaram a noite toda esperando por ele, às escondidas, no portão da
cidade. Ficaram em silêncio durante toda a noite, pois diziam: — Vamos esperar
até o raiar do dia. Então nós o matamos. Porém Sansão ficou deitado somente até
a meia-noite. Então se levantou, pegou ambas as folhas do portão da cidade e as
arrancou juntamente com os seus batentes e a tranca. Pôs tudo sobre os ombros e
levou ao alto do monte que está em frente de Hebrom.”
Uma
das histórias mais impressionantes sobre Gaza, foi quando Sansão arranca as
portas da cidade, após uma tentativa de emboscada para prendê-lo. Mas em Gaza
também foi um local onde Sansão se entregou diante de sua maior fraqueza, que
era na vida sexual. Perto dali Sansão conheceu Dalila (Juízes 16.4).
Juízes 16.21 “Então os filisteus o agarraram, furaram os olhos dele e o levaram
para Gaza. Amarraram-no com correntes de bronze e o puseram a virar um moinho
na prisão.”
Foi
para Gaza que Sansão foi levado preso, quando Dalila o entregou aos filisteus e
quando seus cabelos cresceram novamente, porém já cego, Sansão morreu
derrubando o templo de Dagom sobre o povo de Gaza (Juízes 16.23-30).
1Samuel 6.17 “Estes são os tumores de ouro que os filisteus enviaram ao Senhor
como oferta pela culpa: um por Asdode; outro por Gaza; outro por Asquelom;
outro por Gate; e outro por Ecrom.”
Quando
os filisteus raptaram a Arca da Aliança de Israel, levando-a para o templo de
Dagom, uma grande maldição veio sobre eles, surgindo tumores no povo. Quando
tentaram devolver a arca, os sacerdotes filisteus mandaram fazer cinco tumores
de ouro como ofertas pelos seus povos, inclusive por Gaza (1Samuel 6.15). Isso demonstra que
neste período Gaza ainda estava em guerra com Israel.
1Reis 4.24 “Porque Salomão dominava sobre toda a região e sobre todos os reis
do lado de cá do Eufrates, desde Tifsa até Gaza, e tinha paz em toda a região
ao redor.”
No
período do reinado de Salomão, Gaza foi conquistada e havia paz entre os povos,
que pagavam tributo a Israel (1Samuel 4.21). Provavelmente essa negociação de
Salomão promoveu a paz durante o seu reinado, com uma tolerância aos povos
vizinhos e sem guerra.
2Reis 18.8 [Ezequias] “Derrotou os filisteus até Gaza e o seu território,
desde a torre dos vigias até a cidade fortificada.”
No reino de Ezequias novamente houve guerra contra Gaza, que novamente foi conquistada. Mas isso durou pouco tempo porque lofo em seguida Israel foi levada o cativeiro na Assíria (2Reis 18.9-11).
3- Profecias sobre Gaza
Jeremias
25.17 e 20
“Peguei o cálice da mão do Senhor e dei de beber a todas as nações às
quais o Senhor tinha me enviado: ...todo misto de gente, todos
os reis da terra de Uz, todos os reis da terra dos filisteus: Asquelom, Gaza,
Ecrom e o que resta de Asdode;”
O
profeta Jeremias anunciou que a ira do Senhor atingiria os povos, inclusive os
filisteus em Gaza, avisando que o povo de Judá seria levado para o cativeiro na
Babilônia durante setenta anos juntos com estas nações (Jeremias 25.11). Jeremias pegou um
cálice de vinho, que representava a ira de Deus sobre as nações e
simbolicamente seria bebido pelos povos, que o profeta lista (Jeremias 25.15-29).
Jeremias
47.1 e 5 “Palavra
do Senhor que veio ao profeta Jeremias a respeito dos filisteus,
antes que Faraó atacasse Gaza.” “O povo de Gaza rapou a cabeça; Asquelom
foi reduzida a silêncio, com o resto do seu vale. Até quando vocês vão fazer cortes
na pele em sinal de luto?”
O
profeta Jeremias anuncia que Nabucodonosor atacaria os filisteus, incluindo
Gaza, com todas as nações ao redor, desde o Egito que até então se via intocado
(Jeremias 46)
e os povos vizinhos de Israel, Moabe, Amóm e Edom (Jeremias 48 e 49). Essa profecia se
cumpriu juntamente com o cativeiro de Judá na Babilônia.
Amós
1.6,7 “Assim
diz o Senhor: “Por três transgressões de Gaza, sim, por causa de quatro,
não suspenderei o castigo. Porque levaram em cativeiro todo um povo, para
entregá-lo a Edom. Por isso, porei fogo nas muralhas de Gaza, fogo que consumirá
as suas fortalezas.”
O
profeta Amós também anuncia a ira de Deus sobre as nações ao redor de Israel e
fala sobre o povo de Gaza, que teria sequestrado o povo de Deus para entregar
aos seus inimigos de Edom, então seriam castigados e suas muralhas queimadas (Amós 1.7).
Sofonias
2.4,5
“Porque Gaza será abandonada, e Asquelom ficará deserta; Asdode, ao
meio-dia, será expulsa, e Ecrom será desarraigada. Ai dos que habitam no
litoral, do povo dos queretitas! A palavra do Senhor será contra você, Canaã,
terra dos filisteus. “Farei com que você seja destruída, até que não reste um
morador sequer.”
O
profeta Sofonias também anuncia a destruição dos filisteus, mas chama ao
arrependimento de seu povo (Sofonias 2.1-3), contudo declara que Judá tomará
as terras até o litoral, passando por Gaza.
Zacarias
9.5,6
“Asquelom verá isso e ficará com medo. Também Gaza ficará com medo e terá
grande dor. Igualmente Ecrom, porque a sua esperança estará perdida. O rei de Gaza
perecerá, e Asquelom não será habitada. Um povo bastardo habitará em Asdode, e
exterminarei o orgulho dos filisteus.”
Zacarias
também profetiza contra os povos e diz que os filisteus de Gaza serão
devastados por causa do seu orgulho, sendo tomados por outros povos.
O povo de Gaza sempre enfrentou guerras!
CONCLUSÃO
Atos
8.26 “Um
anjo do Senhor disse a Filipe: Levante-se e vá para o Sul, no caminho que desce
de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto.”
A
única vez que Gaza é citada no Novo Testamento e também a última em toda a
Bíblia, revela o momento em que Filipe é levado a evangelizar um etíope em
viagem retornando de Jerusalém. Deus usou Filipe para evangelizar um líder do
povo da Etiópia, que consideram até hoje este o ato inicial da evangelização em
sua nação. O caminho de Jerusalém para Gaza foi usado por Deus através de
Filipe para evangelizar e isso nos aponta para uma mensagem de esperança para o
povo de Gaza, que também precisa do evangelho, a boa notícia da salvação em
Jesus.
O
período de guerras do AT marca muito a história bíblica, mas não podemos
esquecer que o tempo da Graça iniciado por Jesus, nos traz esperança e paz,
porque Deus ama todos os povos e deseja que sejam salvos (João 3.16 e Tito 2.11).
Vamos orar pela salvação do povo de Gaza!
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Citações Bíblicas: Bíblia Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.
* STRONG, James. Dicionário Grego do Novo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico. Grego. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. Verbete 5804.