Tema: APOCALIPSE
Apocalipse 20.1-8
Introdução: O Milênio na Bíblia é mencionado em apenas um
trecho, em Apocalipse
20.1-8, que descreve um período de mil anos em que
Satanás estará amarrado e Jesus reinará com os santos na terra. Existem
diferentes interpretações sobre o significado desse período e como ele se
encaixa no plano de Deus. As diferentes visões sobre o Milênio surgem da
interpretação e compreensão desses versículos e de outros textos relacionados à
escatologia (estudo das últimas coisas).
O que é o Milênio?
É o Reino de Cristo, através de sua igreja sobre a terra, durante "mil anos", que pode ser um símbolo do tempo de Deus e da eternidade.
Métodos de Interpretação do Apocalipse e do Milênio:
PRETERISTA: Jesus reina desde sua primeira
vinda.
SIMBÓLICO: Jesus reina através da Igreja no
mundo.
FUTURISTA: O Reino de Cristo começa em seu
retorno.
CONTÍNUO: Jesus sempre reinou e reinará
eternamente.
Embora o Milênio seja um tema de grande interesse para muitos cristãos, ele não é o ponto central do evangelho. A salvação em Jesus Cristo e nosso relacionamento com Deus são as questões mais fundamentais da fé cristã.
O que é o Milênio segundo a Bíblia?
Vamos refletir sobre as
bases bíblicas para o Milênio e as visões teológicas:
1- Bases Bíblicas para o Milênio
As bases bíblicas para o Milênio incluem primeiramente Apocalipse 20.1-6, que foi mencionado anteriormente. Além disso, outros versículos e
passagens da Bíblia também são considerados relevantes para a compreensão do Milênio:
·
Daniel 7.13-14: Nesta passagem, o profeta Daniel
vislumbra uma visão do Filho do Homem recebendo um reino eterno e dominando
sobre todas as nações. Isso pode ser interpretado como uma referência ao reino
milenar de Cristo.
·
Isaías 65.17-25: Neste trecho, o profeta Isaías
descreve uma era futura de paz e justiça na qual o lobo e o cordeiro habitarão
juntos. Muitos entendem isso como uma descrição do reino milenar de Cristo.
·
Zacarias 14.4-9: Este texto profético fala sobre o
retorno de Cristo e seu reinado sobre toda a terra. Alguns veem isso como uma
referência ao Milênio.
OBSERVAÇÃO: É importante ressaltar que nem todos os cristãos
concordam com a interpretação desses textos em relação ao Milênio, portanto o
estudo requer uma clareza maior sobre o tema e o respeito às objeções de quem
não aceita estes argumentos.
A expressão “mil anos” na Bíblia:
Salmo 90.4 “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que
se foi e como a vigília da noite.”
2Pedro 3.8 “Mas há uma coisa, amados, que vocês não devem esquecer: que, para
o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos são como um dia.”
As duas passagens bíblicas que falam de “mil anos” usam a expressão
de forma simbólica, demonstrando que era uma expressão comum, para representar
o tempo infinito, a eternidade, ou o tempo de Deus. No Apocalipse o número mil
tem o sentido de multiplicação e continuidade (Apocalipse 7.4-8; 11.3,13).
Qual é o propósito do Milênio?
“E então
virá o fim, quando ele entregar o Reino ao Deus e Pai, quando houver destruído
todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque é necessário que
ele reine até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés”.
1Coríntios 15.24,25
O apostolo Paulo faz referência ao Reino de Cristo, mostrando que o
objetivo do Milênio, segundo as passagens bíblicas é o cumprimento das
profecias do Reino eterno de Cristo sobre o mundo, antes do fim de todas as
coisas, executando a justiça de Deus e realizando todas as suas promessas sobre
os seus servos.
A questão geográfica do Milênio
Em praticamente todos os textos que podem ser aplicados ao Milênio,
o texto deixa claro que se refere ao mundo terreno, deixando claro que o Reino de Deus acontece no mundo através da igreja. O
problema é que o mesmo não pode ser confundido com o céu e a eternidade dos
salvos em Cristo. Então é necessário diferenciar os dois momentos e lugares: o
Milênio não é o céu e o céu não é na terra!
O que é o Reino de Cristo e quando virá?
Jesus disse várias vezes que o Reino já tinha iniciado entre nós
com sua primeira vinda:
Não
é físico: “o Reino de
Deus não vem com visível aparência” (Lucas 17.20).
Não
é distante: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo” (Marcos 1.15).
Não
é humano: “Jesus
respondeu: — O meu Reino não é deste mundo” (João 18.32).
Não
é posterior: “certamente é chegado o Reino de Deus sobre vocês” (Mateus 12.28).
Jesus prometeu que o seu Reino já estava no meio de seus seguidores
(Marcos 9.1), mas não podemos pensar em um reino material e humano, porque “a carne e o sangue não podem
herdar o Reino de Deus” (1Coríntios 15.50). Se o Milênio
é o Reino de Cristo, e este já começou então o Milênio se cumpre antes da volta
de Jesus.
2- Visões teológicas sobre o Milênio
Existem três principais visões sobre o Milênio: Pré-milenismo, Amilenismo
e Pós-milenismo.
a) Pré-milenismo
Esta visão ensina que Jesus retornará antes do Milênio (período de
mil anos) e estabelecerá um reinado literal na terra. Os pré-milenistas
geralmente se dividem em duas subcategorias:
Pré-milenismo pré-tribulacionista: Acredita que Jesus retornará antes
da Grande Tribulação (um período de angústia e aflição intensas descritas em
diversos textos bíblicos, como Daniel 12.1 e Mateus 24.21) e arrebatará a Igreja
(arrebatamento pré-tribulacional). Durante a Tribulação, haverá juízos e
aperfeiçoamentos divinos na terra. Após a Tribulação, Jesus retornará com a
Igreja para estabelecer Seu reino milenar.
OBJEÇÃO: Em Mateus 24.29 e Marcos 13.24 diz claramente que Jesus voltará
após a Grande Tribulação e não antes. Para isso Jesus teria que retornar de
forma invisível, primeiro para arrebatar a igreja e depois retornar novamente,
mas a Bíblia só fala de uma volta de Jesus e que “todo olho verá” (Apocalipse 1.7).
Pré-milenismo pós-tribulacionista: Acredita que Jesus retornará após a Grande Tribulação e arrebatará
a Igreja ao fim deste período de angústia. Nessa visão, a Igreja passaria pela
Tribulação, mas seria preservada e fortalecida por Deus. Após a Tribulação,
Jesus retornaria com a Igreja para estabelecer Seu reino milenar.
OBJEÇÃO: este conceito ignora os novos céus e nova terra descritos em Apocalipse 21 e 22, fazendo da terra o paraíso eterno ou exigirá também que Jesus
retorne duas vezes.
O
Pré-milenismo se aproxima mais da interpretação Literal e Futurista do texto.
b) Amilenismo
Esta visão ensina que não há um período literal de mil anos, mas
que o reinado milenar de Cristo ocorre espiritualmente no presente. Os Amilenistas
interpretam a referência milenar em Apocalipse 20 como uma expressão simbólica para
representar o tempo presente em que a Igreja está ativa no mundo. Os mil anos
na Bíblia podem ser símbolos da eternidade e do tempo de Deus (Salmo 90.4; Eclesiastes 6.6;
2Pedro 3.8). O número mil é usado muitas vezes na bíblia
como símbolo de infinito e continuidade. Por isso, os Amilenistas acreditam que
a segunda vinda de Cristo acontecerá imediatamente antes do julgamento final,
sem um período milenar literal.
c) Pós-milenismo
Esta visão ensina que a segunda vinda de Cristo ocorrerá após um
período de paz e justiça estabelecido pela Igreja, que evangelizará o mundo até
que a maioria da humanidade seja convertida, quando “será pregado este evangelho do Reino por todo o mundo, para
testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mateus 24.14). Nessa visão, o Milênio é uma metáfora
para um período longo de paz e prosperidade espiritual e moral na terra, onde a
Igreja está ativa em realizar a vontade de Deus. Através da Igreja
estabelecendo o Reino de Deus, o Milênio se cumpre (1Coríntios 15.24-28).
A diferença entre o Amilenismo e o Pós-milenismo é que o Amilenismo
acredita que o texto seja apenas alegórico e o Pós-milenismo entende que as
profecias se cumprirão antes da volta de Jesus e o Reino de Deus estabelecido
pela Igreja na terra antes da volta de Jesus.
O Amilenismo e o Pôs-milenismo se aproximam mais da interpretação
Histórica e Contínua do Apocalipse, considerando os mil anos de forma
simbólica.
3- O problema do Milênio cronológico
A interpretação bíblica requer cuidados elementares e segue regras importantes para evitar erros.
a) CORRESPONDÊNCIA: Uma das normas primárias da hermenêutica bíblica é que uma doutrina não pode se basear em apenas um versículo ou texto isolado. Se o texto não encontrar um correspondente direto que confirme o significado, então não pode ser interpretado sozinho (2Timóteo 3.15). Grandes heresias surgiram porque ignoraram este princípio.
b) Significado de TEMPO: Se o sentido de tempo no texto bíblico, toda vez que fala de “mil anos” (Salmo 90.4; Eclesiastes 6.6; 2Pedro 3.8) é simbólico, então não pode ser entendido de forma literal apenas em Apocalipse 20.
c) O retorno ÚNICO de Jesus: Se o Milênio for cronológico, realmente 1000 anos e se for antes da volta de Jesus, então será preciso saber quando começa, o que é impossível (Marcos 13.32; Atos 1.7). Se for após a volta de Jesus, então se torna mais difícil de entender por que para isso Jesus teria que voltar duas vezes: primeiro para iniciar o Milênio e depois para o juízo final, mas os eventos do arrebatamento, ressurreição e volta de Jesus não podem ser separados (Mateus 24.29-31).
d) As duas RESSURREIÇÕES: o texto de Apocalipse 20.2,3,4,6,7, fala de duas ressurreições, primeiro dos salvos e depois dos que serão julgados, conforme João 5.28,29 e 1Coríntios 15.51,52. Contudo, o estabelecimento de um intervalo literal, gera uma lacuna para a interpretação bíblica. Em Mateus 27.52 diz que muitos santos ressuscitaram na hora da crucificação de Jesus e apareceram a muitos após a ressurreição de Jesus. Então o Reino de Cristo se dá início após sua morte e ressurreição.
Baseado nestes argumentos só é possível entender o Milênio a partir
do sentido simbólico, visto que o texto não tem nenhum paralelo que explique o
motivo para um período específico.
Não é possível separar os eventos da Volta de Jesus, arrebatamento
da Igreja, ressurreição dos mortos e Juízo final. Fazer este tipo de separação
gera muita confusão, sendo que eles são sempre apresentados de forma
interligada (confira a sequência de Apocalipse 20.11-15).
Grandes pensadores cristãos primitivos como Eusébio (263–339),
Agostinho (354–430) e Jerônimo (345–420) acreditavam que o
Milênio seria simbólico e cumprido através do crescimento do Cristianismo no
mundo como parte do Reino eterno de Cristo. Outro fator histórico é que até o
ano 1000 depois de Cristo havia a expectativa de que Jesus voltaria após os
primeiros mil anos, mas isso não aconteceu.
O MIlênio é o Reino de Cristo!
CONCLUSÃO
“E será pregado este evangelho
do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mateus 24.14).
Enquanto aguardamos a volta de Jesus, trabalhamos pela implantação
do Reino de Deus na terra, através da evangelização, lutando pela justiça e
pela paz. Antes do retorno de Cristo e preciso que o Evangelho seja pregado em
todo o mundo, porque o Senhor está esperando a Igreja estar pronta (2Pedro 3.9-12).
As diferentes visões e interpretações do assunto, como o Amilenismo
(que considera o Milênio como uma metáfora da vitória de Cristo na igreja), o
pós-milenismo (que crê que a igreja será aperfeiçoada e trará paz e justiça ao
mundo, preparando para a volta de Jesus) e o Pré-milenismo (que defende uma
interpretação literal do Milênio e um reinado físico de Cristo na terra).
O mais importante é lembrar que, independentemente da visão
adotada, a salvação em Jesus Cristo é central para todos os cristãos e o mais
importante é crer que Jesus voltará e devemos nos preparar para viver na
eternidade com Deus.
Algumas definições sobre o Milênio:
O
que é? O Reino de Cristo.
Onde
será? Na terra.
O
que não é? Não é o céu.
O
que acontece? Jesus reina eternamente.
Quanto
tempo? Pra sempre, simbolizado pelos mil anos.
Quando
será? Antes da volta de Jesus e o Juízo final.
E depois? A eternidade nos céus com Cristo.
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Citações Bíblicas: Bíblia NAA Nova Almeida Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.
Bíblia de Estudo John Wesley, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,2020.